Porque
é que o homem tem mamas e se masturba?
A
teoria tradicional da evolução das espécies aceita uma selecção natural como
entidade soberana e absoluta que determina as características dos seres vivos.
No
âmbito desta teoria, a evolução da vida e a origem das espécies, partem de um
primitivismo temporal que assume a reprodução assexuada como mecanismo inicial
da continuidade; mais tarde surgiria a diferenciação, o sexo. Ainda que numa
fase inicial não se verificassem os órgãos, tecidos, células ou biomoléculas
responsáveis pela reprodução; algures nos primórdios temporais, surgiu esta
diferenciação reprodutiva. Provavelmente surgiram primeiro moléculas orgânicas
diferenciadas na reprodução e posteriormente organelos celulares que evoluíram
para células, tecidos, órgãos e sistemas reprodutores presentes nos organismos
vivos. É compreensível que estes instrumentos de reprodução biológica tenham
coexistido num organismo primitivo cuja evolução para um hermafroditismo
primário já determinava a existência de órgãos e sistemas especializados na
reprodução. Assim é, que ao nível dos vários agrupamentos de seres vivos, ainda
hoje se encontram órgãos residuais cuja função não tem utilidade. De acordo com
a clássica teoria da evolução, baseada na selecção natural; a mama masculina
residual e sem utilidade aparente e a enorme semelhança corporal entre homem e
mulher, revelam que nos primórdios não existiam os dois géneros sexuais mas
apenas um: o ser humano primordial era hermafrodita e usava parte do seu corpo,
actualmente braços e mãos, para estimular os órgãos sexuais reprodutores e
permitir a sua manipulação com vista à reprodução; daí que a masturbação se
mantenha como um comportamento residual.
A
teoria clássica da evolução absolutiza a selecção natural como determinante das
espécies e da sobrevivência dos seres vivos; este absolutismo radical não
consegue explicar tudo, desde logo confere uma personificação volitiva da
natureza que selecciona, mas não explica o que é essa mesma natureza.
Há
um fio condutor, um princípio organizacional vital, presente em todos os seres
vivos, que não pode ser abandonado. Os seres vivos, em obediência ao princípio
da vida, adoptam estratégias de sobrevivência individuais e específicas:
migração para ambientes mais favoráveis, os abrigos, a protecção da prole nas
fases iniciais da vida, etc. Parece pois mais coerente assumir que a evolução
resulta de um compromisso competitivo entre os factores da natureza e o
princípio organizacional vital do que absolutizar qualquer uma das partes. É
esta dualidade conflitual que explica as estratégias da vida pela sua
permanência.
Doutor Patrício
Leite, 15 de Novembro de 2015