Analogia simétrica

A observação do céu estrelado, intensamente repetida, ao longo da história da humanidade; ainda proporciona momentos de reflexão profunda, interrogação, espanto e vontade de conhecer o mundo:

- Porque são as estrelas redondas? Pequeninas? Tendencialmente homogéneas e contínuas em toda a sua extensão?

- Porque ficam os objectos, do mundo físico, cada vez mais pequeninos quando o observador deles se afasta? E porque ficam maiores com a aproximação?

- Será que, com o afastamento, ficam mesmo pequeninos? Será uma mera ilusão óptica? – Sim, … mas, … alguma coisa tem de ficar realmente pequenina? – Ainda que seja uma mera imagem ilusória, … pois, … essa imagem, com o afastamento do observador, tem de ficar efectivamente pequenina! – Porquê? Porque é assim, … e não de outro modo? – Porquê?

Mas, com o afastamento do observador, os objectos, não ficam apenas cada vez mais pequeninos, … ficam também, mais homogénios, perdem as irregularidades do contorno, da forma interior e da cor, deslocam-se mais lentamente, … tornam-se contínuos, assumem uma contínuidade homogénia e manifesta, perdem as suas qualidades discretas. – Porquê?

- Porque perdem os objectos, com o afastamento do observador, a irregularidade do seu contorno? E porque se tornam redondos? – Sim, … redondos, pequenos, monocromáticos, homogénios, contínuos, vagarosos, … - Porquê?

Estas observações, … estas reflexões, … permitem concluir, com raciocínio de razão proporcional que, qualquer objecto, qualquer que seja, a uma distância infinitamente grande do seu observador, torna-se infinitamente pequeno, infinitamente homogénio e contínuo, infinitamente redondo e está parado; por corolário de oposição simétrica, qualquer objecto, qualquer que seja, a uma distância infinitamente pequena do seu observador, torna-se infinitamente grande, infinitamente discreto, descontínuo e heterogénio, infinitamente recto e com movimento infinito. A uma distância infinitamente pequena e movimento infinitamente grande ocorre a fusão entre o observador e o objecto observado, confundem-se, tornam-se num só, um único complexo observador-observado; observador que observando-se a si própprio se auto-distingue e, de si próprio, se distancia numa consciência que, paradoxalmente, nunca consegue observar-se a si própria; numa consciência que, despindo-se de toda a sua identidade: corporal, material, racional, ideológica, … jamais consegue observar-se a si própria, … uma consciência incapaz de se auto-obervar pela observação de si própria.

O infinitamente pequeno é curvo, redondo ou circular, por oposição antagónica, o infinitamente grande é direito, sem desvios, segue uma linha recta; ou seja, rectas e curvas apenas dependem da distância ao observador. Rectas e curvas, grande e pequeno (infinitamente grande e infinitamente pequeno), homogéneo e heterogéneo, unidade e diversidade, contínuo e discreto, próximo e distante, … coexistem numa dualidade pacífica, num enantiomorfismo antagónico, numa simetria analógica como fundamento da ordem e do caos, do determinismo e do indeterminismo universais, do todo e do nada. A base da ordem simétrica está na analogia, … não como uma simples comparação, … não como uma comparação metafórica, qualquer que seja a sua natureza, … mas sim como uma relação entre diferentes proporções; a analogia compara proporções, … proporções, constantes ou variáveis, que se apróximam numa significação dualista, simultaneamente concordante e discordante, agónica e antagónica, … enantiomórfica, … dualisticamente enantiomórfica.

Os dados objectivos da observação do mundo físico, presentes em todas as pessoas, presentes em todos os instrumentos de medição, são invariavelmente concordantes, sempre, em todas as observações, todas, independentemente da sua mediação por instrumentos de medida, apresentam resultados iguais: a distância entre o observador e o objecto observado, assume uma relação analógica de proporcionalidade com o tamanho desse objecto, a curvatura do seu contorno, a homogeneidade dos seus contrastes interiores, a velocidade com que se desloca, … entre tantas outras. O delírio interpretativo da ciência actual mantém a ideia fixa de um espaço, de uma distância isotrópica, … nada mais ridículo, nada mais absurdo; para manter o constructo desta fixação obsessiva a ciência caracteriza-se por uma proliferação de juízos, raciocínios e justificações racionalizadoras de teorias científicas complexas, tudo absurdo; o mundo físico é muito simples, a realidade obectiva é muito simples, … o mundo é apenas aquilo que se observa, sem interpretações profundas, sem constructos teóricos, … a realidade objectiva é aquilo que se observa, que se mede com instrumentos de medida, … o mundo é o que é! … sem interpretações. Se os objectos ficam mais pequenos e redondos com o afastamento do observador, pois então, o espaço ou distância entre observador e objecto terá obrigatóriamentre de ser anisotrópico, sem subterfúgios delirantes interpretativos; simplesmente anisotrópico, a distância depende da direcção em que é medida, assume uma dipolaridade vectorial, depende do movimento de aproximação, ou afastamento, entre o objecto observado e o observador que o observa. Na teoria da relatividade clássica foi assumida uma quarta dimensão para caracterizar a posição de um corpo; a teoria da relatividade clássica é muito estática, despreza o movimento permanente, o devir de Heráclito; a nova teoria da relatividade, a teoria da relatividade dinâmica assume que todos os corpos estão em movimento perpétuo; o observador e o objecto observado estão, necessáriamente, em movimento de apróximação ou afastamento, a posição do observador é dinâmica e as medições de propriedades do objecto como tamanho, homogeneidade, contorno de forma curva ou recta, etc. etc., dependem desse dinamismo observacional, dependem do movimento de apróximação ou afastamento entre observador e objecto; ainda que este movimento tenha trajectória curvilínea, com propriedades pulsáteis ou ondulatórias, pois implica sempre numa quinta dimensão; a nova relatividade, a relatividade dinâmica significa a imposição de cinco dimensões para caracterizar a posição de um corpo; a nova relatividade considera o devir, considera o movimento permanente e perpétuo dos corpos; na nova relatividade, o repouso absoluto consiste no infinitamente grande e o movimento absoluto consiste no infinitamente pequeno, entre estes dois absolutos tudo é relativo. Considerando que o relativo impõe sempre um dualismo identitário; considerando o absoluto como enantiomorficamente dualista, pois, a ordem do universo está na simetria enantiomórfica da analogia proporcional que permite afirmar, não apenas, um espaço ou distância anisotrópica, mas também, uma reologia deformacional desse espaço ou distância.

A dualidade proporcional da simetria enantiomórfica, é bem patente na analogia estrutural entre polígonos inscritos e circunscritos numa circunferência, … rectas e curvas …, … curvas e rectas. É o polígono regular que se inscreve na circunferência ou, pelo contrário, é a circunferencia que circunscreve o polígono? - rectas e curvas …, … curvas e rectas -  sendo certo que o método de Arquimedes, para calcular o valor de Pi, já considerava a inscrição e circunscrição de polígonos no círculo, é também certa a proporcionalidade constante entre circunferências circunscritas, ou inscritas, sucessivas; mais interessante é a proporcionalidade de razão variável mas que mantém invariância por simetria analógica.

São imensas e maravilhosas as analogias que as razões de simetria proporcional enantiomórfica permitem encontrar em circunferencias e polígonos regulares alternadamente com incrição e circunscrição. É maravilhoso verificar, comprovadamente, que nestas séries sucessivas, conforme se caminha deslocadamente, até ao infinito, para a microestrutura punctiforme mais se encontram as curvas; por oposição, o deslocamento contrário, até ao infinitamente grande, comprova a rectificação, cada vez maior, da respectiva curvatura até ao infinitamente recto. Qualquer círculo assume todas as formas e categorias de simetria: rotacional, translacional, central, periférica, esférica, especular, etc. … 

A circunferência, ou círculo, em contracção sucessiva, atinge a curvatura perfeita do ponto monodimensional; em expansão sucessiva, atinge a rectificação perfeita da menor distância euclidiana no plano bidimensional.

Parece místico? Mas não é! As curvas e rectas poligonais, perfeitas, em alternância enantiomórfica sucessiva, permitem extrair importantes simetrias analógicas proporcionais, com efeitos, por criatividade cógnitiva, num progresso extraordinário da Função de Patrício e respectiva aplicação ao desenvolvimento da matemática mas também da compreensão da ordem no universo.

Doutor Patrício Leite, 2 de Outubro de 2020