A teoria celular admite que a
unidade estrutural da vida é a célula; esta teoria não contempla os vários
níveis de organização, desde as células eucariotas e procariotas até ao
parasitismo intracelular obrigatório de bactérias como a Clamídia ou vírus. O
ser vivo tem a capacidade de se reproduzir e gerar seres semelhantes a si
próprio mas, o ser vivo não é a vida, é apenas um ser que tem vida, que foi
tocado pela vida, que estabeleceu relações ou ligações com a vida.
Se é certo que a vida é uma parte
organizativa e expansiva, é também certo que a essência da vida é a ligação;
não uma ligação qualquer, já que qualquer substância inorgânica é capaz de
estabelecer ligações; não uma ligação covalente orgânica, já que esta é típica
da matéria viva, do ser vivo e o ser vivo não é a vida. A vida é, na sua
essência, o estabelecimento e a capacidade de criar novas ligações. Todos os
seres, todas as substâncias, todas as matérias e entidades não vivas, têm a
capacidade e a quantidade das suas ligações previamente definidas e
estabelecidas. A ciência, mais não faz do que estudar esse determinismo
ligacional, esse determinismo em estabelecer ligações. A vida consegue criar e
estabelecer novas ligações; ligações nunca antes determinadas, ligações criadas
e inovadas sem qualquer relação com o previamente estabelecido. A criatividade,
a criação de ligações é a essência da vida, a ruptura de ligações é a essência
da morte. Esta dualidade, este dualismo, entre a criação e a ruptura de
ligações permite compreender, adoptar e seguir as medidas dos que lutam pela
expansão da vida contra os que lutam pela expansão da morte. O estabelecimento
de ligações previamente criadas é o aspecto organizativo da vida; a criação de
novas ligações é o seu aspecto expansivo. Doutor Patrício Leite, 31 de Dezembro de 2013