A epidemiologia, enquanto
ciência que realiza estudos e investigações acerca da população, parte de noções
descritivas sobre pessoas, tempo e lugar para, seguidamente, efectuar estudos
analíticos e testes de hipóteses causais apoiadas em ferramentas estatísticas. Seguidamente,
os relatórios epidemiológicos informam a tomada de decisões esclarecidas: além
da situação descritiva e gráfica, estes relatórios também comportam um conjunto
de indicadores, taxas e rácios, que permitem uma avaliação comparativa mais
eficiente. Em qualquer epidemia, é muito frequente caracterizar a doença com os
indicadores de incidência e prevalência mas também outros rácios, índices e
taxas como a mortalidade, letalidade, etc.
Os estudos epidemiológicos de
investigação causal: prospectivos ou de coorte, retrospectivos ou de caso-controle,
respectivamente encontrando o valor do risco relativo ou então estimando esse
valor através do odds ratio, como medidas de associação causal, são muito
importantes mas, também, não menos importantes são os consensos sobre definições
e conceitos fundamentais, para um entendimento quantitativo e qualitativo dos
dados epidemiológicos. Conceitos como surto, epidemia, pandemia e endemia são
essenciais pois permitem definir estratégias preliminares de estudo, acção e combate;
não menos essenciais são os indicadores, ou rácios, utilizados quantitativamente
na caracterização evolutiva de qualquer epidemia; efectivamente, permitem
comparar, não apenas os dados de evolução presente mas também com outras
epidemias, com outras pessoas, noutros tempos e noutros lugares. A reflexão
crítica tem mostrado uma escassez patente de rácios ou indicadores
epidemiológicos; por outro lado, no domínio da gestão empresarial abundam os
rácios económicos, ou de actividade, e financeiros ou de estrutura do capital;
surge pois, agora, a analogia comparativa entre a actividade empresarial e a epidemiologia;
assim, a aproximação comparativa entre uma epidemia e uma empresa, torna
possível delimitar e utilizar imensos conceitos funcionais, por exemplo:
O património epidémico como sendo o conjunto de
todos os elementos patrimoniais que pertencem a cada epidemia em concreto.
O activo de uma epidemia como sendo todos aqueles
que foram contagiados e estão a contagiar outros.
O passivo como sendo todos aqueles que tendo,
ou não, sido previamente contagiados, já estão recuperados ou mortos e não
continuam a contagiar.
O capital social, ou inicial, como aqueles
casos originais, ou importados, que iniciaram o surto epidémico e,
posteriormente, a concretização da epidemia.
Imediatamente, após o
estabelecimento concreto de qualquer epidemia, pode-se avaliar a sua situação
líquida, também designada por património líquido ou capital próprio, através da
equação fundamental: Activo – Passivo = Situação Líquida.
Com o dinamismo próprio de
cada epidemia, torna-se necessário inventariar o seu património de modo organizado
mas também realizar balanços periódicos assim como organizar as contas,
creditando ou debitando, no deve e no haver, os seus movimentos que serão
registados diariamente e de forma sistemática; também uma realização sucessiva
de balancetes gerais ou parciais permite compreender a evolução da epidemia.
A normalização internacional, por
exemplo através da Organização Mundial de Saúde, sobre as rubricas patrimoniais
e de actividade epidémica permite extrair rácios, indicadores e informações válidas
e comparáveis entre todas as epidemias e regiões do mundo.
Conforme os relatórios da
informação epidémica se destinam, fundamentalmente, ao consumo externo ou
interno, também a respectiva contabilidade se pode categorizar como geral ou
analítica, esta última por estruturas de custos e proveitos.
Muitas são as outras
categorizações, por exemplo, os elementos do activo podem ser divididos em
assintomáticos, sintomáticos, pessoal de saúde, crianças, idosos, grávidas etc.;
já os elementos do passivo podem ser divididos em recuperados, mortos,
imunizados por vacinação ou qualquer outro mecanismo, etc.
Continuando a analogia
comparativa que considera uma epidemia como uma empresa com a sua actividade e
estrutura de capital, pois, também o lucro da epidemia se calcula pela equação
das receitas menos as despesas, consistindo as receitas no total de inputs ou entrada
de novos casos e as despesas no total de outputs ou saídas, como sejam os
curados e mortos; notar que para uma determinada região os exportados e as
externalidades podem ser considerados como saídas ou outputs. Para efeitos de uma
excelente eficácia de gestão, métodos como o FIFO e LIFO, entre outros, são
muito importantes. Obviamente que nas epidemias, como entidades empresariais, o
lucro epidemiológico consiste num valor sentido como negativo para a humanidade,
porém, a sua contabilização permite avaliar taxas, rácios e vários outros indicadores
da rentabilidade epidemiológica, considerando assim: rentabilidade = (receitas-despesas)
/ investimento.
Perspectivando a visão própria
da teoria dos sistemas, com os fluxos de entrada e saída na actividade
epidémica, como analogia dos cash-flows empresariais, pois, a taxa interna de
retorno ou rentabilidade e o valor actual líquido podem ser calculados para um
melhor conhecimento da epidemia e respectiva gestão previsional.
Em termos de estrutura da
epidemia, indicadores ou rácios como a solvabilidade e seus correlatos permitem
avaliar e prever a sua capacidade de enfrentar antagonismos e obstáculos capazes
de a conduzir à sua insolvência final. A propagação de qualquer epidemia enfrenta
sempre obstáculos e antagonismos, tanto naturais como gerados pelo ser humano; frequentemente,
numa mesma comunidade, existem mais do que uma epidemia em actividade
concorrencial; também, a própria acção humana, em luta pela sobrevivência,
constitui um dos maiores obstáculos à continuidade da actividade epidémica; por
conseguinte, as grandes ideias do planeamento estratégico podem sempre ser
definidas e delimitadas.
A teoria dos ciclos de vida é conhecida
e consensualmente aceite pela generalidade dos epidemiologistas; estes fazem frequentemente,
o seu planeamento estratégico, de combate à epidemia, unicamente com base nesta
teoria; aceitam as fases de nascimento ou iniciação, expansão, planalto ou
consolidação, e finalmente, declínio e extinção; outras metodologias como a
análise SWOT com as forças e fraquezas, oportunidades e ameaças; as sinergias estratégicas
de concentração e diversificação dos meios de combate; a aplicação da matriz
BCG ao ciclo de vida da epidemia e dos seus casos activos, entre tantas outras,
poderiam ser desenvolvidas e aplicadas de modo a melhorar a eficácia, não
apenas do planeamento e gestão estratégica mas também táctica e operacional.
O aumento quantitativo e
qualitativo dos rácios epidemiológicos, tendo por base comparativa os rácios
económicos e empresariais iria, certamente e a todos os níveis, melhorar a
eficácia e eficiência na prática da gestão epidemiológica.
Doutor Patrício Leite, 19 de Abril de 2020
Em 26/09/2018 fiz esta
previsão económica que agora se concretiza: https://youtu.be/4K2EPhVY7jc
Em 09/10/2018 avancei a
previsão para a alteração da ordem juridica mundial que agora se está a
verificar: