A incerteza, a dúvida, a
pergunta e a interrogação parecem ter acompanhado o ser humano tanto ao longo
do seu desenvolvimento ontogénico como filogénico; porém, foi com o
aparecimento do pensamento global e totalizante que surgiram as interrogações
fundamentais, isto é, as interrogações filosóficas. Na história do pensamento,
e da filosofia, primeiro relatam-se as perguntas e interrogações relacionadas
com a totalidade do mundo e dos fenómenos físicos, posteriormente o homem
interroga-se sobre si próprio e o seu saber. Foi com o gosto pelo saber que
surgiu a filosofia do homem enquanto homem, mas foi com a filosofia do saber,
que surgiu a filosofia do conhecimento; isto é, o homem sabe que sabe, porém …,
porque é que o homem sabe que sabe? Surgiu assim a filosofia do conhecimento.
Da filosofia do conhecimento progrediu-se para interrogações fundamentais sobre
o ser humano em comunidade e o uso da linguagem como instrumento de comunicação
propriamente humana, nesta ordem de ideias e tendo em atenção o desenvolvimento
das ciências biológicas e da compreensão do cérebro, do psiquismo e das
ciências comportamentais, pois, desenvolve-se a filosofia da mente, ainda muito
actual; entretanto, paralelamente, ganha corpo de saber, a filosofia da consciência.
Caminhando neste raciocínio dedutivo, de uma filosofia global e globalizante
para uma filosofia, cada vez, mais específica, surge a nova filosofia, a
filosofia do século vinte e um, a filosofia da interrogação. De facto, o ser
humano pensa e usa o seu pensamento como arte criativa mas também se interroga,
está sujeito a muitas e diversas interrogações fundamentais; é da pergunta que
nasce a resposta, é da interrogação que nasce a filosofia, porém,
filosoficamente pensando e falando, porquê tantas e diferentes interrogações?
Porquê a interrogação? Porquê a pergunta? Porquê?
Doutor Patrício Leite,
20 de Março de 2019