Espaço descontínuo e matemática do movimento

No início do século XX ainda se discutia a possibilidade de a matéria ser contínua, contudo, logo no primeiro quartel, os cientistas chegaram finalmente à conclusão definitiva que a matéria é descontínua; por outro lado, continuaram a considerar o espaço ou distância como contínuo e isotrópico. Actualmente surge a necessidade de um novo paradigma, surge a necessidade de considerar o espaço ou distância como descontínuo e, por conseguinte, a possibilidade de anisotropia espacial. Num espaço descontínuo, a distância percorrida faz-se descontinuamente, como que, por saltos. Se conseguíssemos observar o movimento para distâncias, para espaços extremamente pequenos perderíamos a noção de continuidade, o percurso far-se-ia, por analogia pictórica com o cinema ou televisão, imagem por imagem; no entanto o espectador ou observador macroscópico fica com a sensação que há continuidade do movimento. Num espaço descontínuo cujo movimento se faz aos “saltos” importa saber a quantidade mínima de espaço a partir da qual ocorre o “salto”; a esse quantum, a essa distância mínima chama-se densitrão. Esta quantidade mínima, simultaneamente matéria e volume, constitui o densitrão cuja constância densitária fundamenta a anisotropia do espaço. A acumulação de densitrões leva à formação de agrupamentos densitários, ou seja formações espaciais de densidade diferente e por isso reologicamente anisotrópicas.
Quando a teoria da relatividade assume que a massa encurva o espaço-tempo e que maior massa encurva mais o espaço-tempo aceita implicitamente que o movimento entre dois pontos não é homogéneo; mas se a massa encurva o espaço, então como será o espaço no clássico centro de massa? Considerando que o planeta Terra encurva o espaço à sua volta surge a seguinte pergunta: se alguém fizer um túnel que atinja o diâmetro da Terra, quando percorrer esse túnel qual será o espaço ou distância com a proximidade do centro da Terra? Será curvo? Na realidade parece mais lógico, racional e em consonância com a realidade, considerar que é a curvatura ou enrolamento do espaço-tempo que origina a massa e não o contrário. Mas se o espaço-tempo curvo ou enrolado sobre si próprio é massa, então massa é espaço densificado. Se a massa é espaço densificado então a grandeza fundamental da física designada massa perde-se pelo que explicar as suas relações com as outras grandezas exige uma nova física e, no que concerne à explicação do movimento, exige uma nova dimensão, a quinta dimensão.
Acrescentar a quinta dimensão ao referencial do movimento provoca uma mudança na concepção da arquitectura do espaço e do movimento cuja trajectória deixa de ser linear, deixa de ser recta, deixa de assumir a curvatura do sentido relativista para passar a ter uma volumetria reológica turbilhonar em vórtice.
Há um paralelismo, uma semelhança extraordinária entre as equações, entre as funções que definem os movimentos lineares, rectilíneo e circular, que leva a conjugar estas funções com as cinco dimensões do referencial para assim obter os movimentos de vibração, rotação e translação unificados num só movimento designado volumetria reológica turbilhonar em vórtice.
Na física as funções, as várias equações do movimento assumem a seguinte forma matemática abstracta: Y = aX + b
Se Y corresponder ao eixo das ordenadas e X ao das abcissas e qualquer uma das letras corresponderem a números reais, então no plano cartesiano temos uma recta clássica.
Se Y corresponder a um número e X a um ângulo, com a e b números reais, pois a representação num referencial constituído por uma dimensão numérica e uma angular dá-nos uma espiral, das quais a mais simples, aqui utilizada apenas como um mero e simples efeito de ilustração, é a espiral de Arquimedes.
Tanto a espiral como a recta resultam de apenas duas dimensões, simplesmente no caso do plano cartesiano ambas são medidas em números e no caso da espiral trata-se de uma medição em números e ângulos.
Se agora introduzirmos uma terceira dimensão numérica ou não angular no gráfico de representação da espiral de Arquimedes resulta, pictoricamente, uma superfície cónica espiralada. Portanto com duas dimensões numéricas e uma angular a espiral de Arquimedes assume, por analogia pictórica, a figura de uma folha de papel cuja espessura se despreza, enrolada em espiral sobre si própria.
Se agora introduzirmos uma quarta dimensão numérica ficamos com um referencial constituído por três dimensões numéricas e uma angular pelo que, neste referencial, a espiral de Arquimedes passa a ser visualizada como um volume cónico espiralado conjugado com a sua superfície, ou seja, por analogia pictórica trata-se da folha de papel enrolada em espiral sobre si própria mais o conteúdo volumétrico contido nessa folha de papel enrolada em espiral. É aqui que a teoria da relatividade se torna discutível já que, como se verifica, o movimento a quatro dimensões, das quais três numéricas e uma angular, é volumétrico e cónico espiralado; o que acontece é que um observador na sua posição, segundo a teoria da relatividade, apenas consegue captar a secção ou intersecção entre a superfície cónica circular regular e um plano que passe através das duas metades desse cone assumindo assim uma distância hiperbólica, no entanto matematicamente também poderia ser elíptica ou parabólica dependendo da secção cónica efectuada pelo plano.
Se apenas fosse anulada a individualidade da grandeza tempo para o conjugar com o espaço tridimensional, pois então as quatro dimensões da geometria do espaço-tempo seriam suficientes, no entanto a individualidade da grandeza massa também é anulada já que a massa mais não é do que espaço-tempo densificado; então surge a necessidade de uma quinta dimensão que explique a geometria da conjugação espaço-tempo-massa.
Se o espaço a quatro dimensões é explicado por um cone volumétrico seccionado por um plano; já a introdução da quinta dimensão acarreta múltiplos significados que vão desde uma simples irregularidade da superfície cónica seccionada pelo plano até ao movimento do movimento, ou seja, como que fazendo com que o movimento se mova.
Numa geometria espacial a cinco dimensões, a quinta dimensão poderá ser numérica ou angular fazendo com que o referencial pentadimensional fique com três dimensões numéricas e duas angulares, ou por oposição quatro dimensões numéricas e uma angular.
A consideração da massa como espaço-tempo densificado e, por inerência, a introdução da quinta dimensão, faz com que o movimento como cone volumétrico espiralado, já descrito para as quatro dimensões, se transforme por analogia pictórica num turbilhão volumétrico espiralado em vórtice; mas este turbilhão também turbilha, é um movimento que se move e o turbilhonar do turbilhão confere propriedades reológicas ao espaço.
O movimento volumétrico espiralado em turbilhão e vórtice turbilhonar ao alterar a reologia do espaço permite unificar os movimentos de rotação, vibração e translação, mas também proporcionar a sensação de continuidade, no espaço ou distância descontínua do densitrão.
Para além da quinta dimensão, imensas outras se podem desenvolver; a tentativa consiste sempre em unificar coerentemente a explicação, a resposta à interrogação humana, mas persiste a pergunta: Porquê a interrogação? Porquê a pergunta? Porquê a pergunta: porquê?
                  Doutor Patrício Leite, 27 de Agosto de 2016