Testes de Diagnóstico

Qualquer pessoa que adquire um medicamento numa farmácia constata que este traz sempre um folheto informativo onde constam as indicações, contra-indicações e efeitos secundários, dosagem ou posologia, conservação etc.
Por outro lado se fizer umas análises ao sangue ou urina, uma radiografia, um TAC ou qualquer outro exame auxiliar de diagnóstico, constata que este apenas traz os resultados e nunca dados adicionais sobre a validade desse exame. No entanto, os exames auxiliares de diagnóstico para serem fiáveis necessitam de ser validados em aspectos como sensibilidade, especificidade, valores preditivos positivos e negativos, acurácia e reprodutibilidade, entre outros.
A confiança nos exames auxiliares de diagnóstico é tão grande quanto injustificada. De facto, considerando um exame em concreto, a frequência de erro em algum dos parâmetros de validação desse exame auxiliar de diagnóstico é mais a regra do que a excepção. Esse erro do exame auxiliar de diagnóstico pode ser tão acentuado que leva o médico e o doente a tomar decisões erradas que de outro modo não tomariam. Para diminuir a tomada de decisões clínicas inadequadas, qualquer resultado de um exame auxiliar de diagnóstico deveria ser acompanhado por um folheto informativo sobre a respectiva sensibilidade, especificidade, valores preditivos positivos e negativos etc.
Por exemplo; a sensibilidade é a capacidade que um teste diagnóstico tem de identificar os verdadeiros positivos nas pessoas verdadeiramente doentes. Quanto maior for a sensibilidade de um teste, assim como de um médico, maior é a probabilidade de encontrar pessoas com a doença. A especificidade é a capacidade que um teste diagnóstico tem de identificar os verdadeiros negativos nas pessoas verdadeiramente sadias ou sem doença. Quanto maior for a especificidade de um teste, assim como de um médico, maior é a probabilidade de negar que uma pessoa esteja doente quando na realidade ela não está doente.
Qualquer médico, ao elaborar um diagnóstico, está sujeito aos mesmos parâmetros de validação aplicados aos testes de diagnóstico. No entanto, de um modo geral, os médicos especialistas em Medicina Geral e Familiar são mais sensíveis, fazem um diagnóstico precoce, isto é, procuram descobrir qualquer doença com um mínimo de manifestações; nas outras Especialidades os médicos são mais específicos, isto é, procuram excluir da pessoa as doenças da respectiva especialidade.
             Doutor Patrício Leite, 9 de Agosto de 2014