O mosquito do género Aedes
predomina sobretudo em zonas tropicais e subtropicais com dezenas de subgéneros
e centenas de espécies capazes de transmitir doenças. O Aedes aegyptei é dos
mais conhecidos por transmitir o vírus da dengue e febre amarela. Há, no
entanto, outras viroses que este e outros mosquitos do mesmo género podem
transmitir. A ilha da Madeira, que constitui um sistema turístico aberto e
cosmopolita, teve recentemente o seu primeiro surto da Dengue; no entanto, pela
sua emigração e cosmopolitismo turístico, a todo o momento podem surgir outros
serotipos da Dengue, agora mortais, da Febre amarela ou doenças como a infecção
pelo vírus Chikungunya. Esta ultima teve a sua apresentação na Tanzânia em 1952
e deve o seu nome ao dialecto local que significa aquele que anda encurvado, ou
seja os doentes com Chikungunya andam com um aspecto encurvado devido a febre e
dores. Esta doença faz diagnóstico diferencial com Dengue, tem mortalidade de
cerca de 1 por mil e clinicamente acrescentam-se as artralgias nas mãos e pés
que podem persistir por vários meses. A infecção pelo vírus Chikungunya teve em
2007 alguns casos em Itália e em 2010 no Brasil; apesar destes casos terem sido
considerados importados, isso causou muitas preocupações aos governos locais e Organização
Mundial de Saúde pelo sofrimento causado e implicações económicas devido a
possível necessidade de encerrar fronteiras. Além da Dengue, Febre Amarela e
Chikungunya, já referidos; há vários outros vírus cuja transmissão se faz a
partir de mosquitos do género Aedes. Alguns dos vírus cuja transmissão por
Aedes está provada ou confirmada em laboratório são: vírus O`nyong-nyong, vírus
Sindbis, vírus Mayaro, vírus do rio Ross, vírus Ockelbo e vírus do Nilo
Ocidental. Muitos outros vírus têm a sua transmissão por mosquitos do género
Aedes como hipótese e sob a respectiva investigação cientifica. A ilha da
Madeira, apesar de conjuntamente com Lisboa e Algarve, ser apenas uma das três
regiões portuguesas com maior afluência turística, tem mosquitos do género
Aedes, assim como emigração em zonas de alto risco, como a Venezuela e África
do Sul, com as respectivas visitas familiares; e um clima subtropical húmido
cujas alterações propiciam o desenvolvimento das novas doenças emergentes
tornando a Madeira numa ilha sob ameaça. Doutor Patrício Leite, 20 de Julho de 2013