A
palavra epidemiologia resulta de uma agregação semântica que significa estudos
acerca do povo ou população. A epidemiologia teve grande desenvolvimento na
medicina social ou saúde pública por ajudar a primeiramente erradicar doenças
contagiosas; posteriormente a sua metodologia de investigação e conhecimento
foi-se alargando a outros âmbitos do binómio saúde e doença. A nível político,
a metodologia epidemiológica pode ser aplicada se a abstenção de votar for
considerada como uma doença mas também, e pelo contrário, a doença considerada infecciosa
pode ser o partido político e o votante o doente. Se optarmos por esta última
posição poderemos afirmar que as doenças designadas partidos políticos são
endémicas e apesar de todo o sistema estar doente e as pessoas descontentes, os
novos partidos verificados nas últimas eleições não contagiaram muito a
população. Qualquer destas doenças contagiosas já instaladas na população,
qualquer dos partidos políticos instalados, funcionam mais como doenças
crónicas do que agudas, a taxa de prevalência é maior do que a de incidência. Se
as taxas e indicadores permitem organizar e quantificar informação, são também
necessárias fontes de dados credíveis que permitam iniciar estudos de epidemiologia
descritiva em termos de pessoas, tempo e lugar. Na data das eleições o mapa do
país enche-se de cores correspondentes à distribuição geográfica das doenças
mas é necessária mais informação para efectuar estudos retrospectivos e
prospectivos que permitam estabelecer relações de causalidade. Conhecer um
partido político como doença é conhecer a sua história natural, o seu ciclo de
vida, e os rastreios na detecção precoce dos afectados terão de ser tratados
por métodos estatísticos. Conhecer a história natural de determinada doença, ou
partido político, permite estabelecer acções de prevenção ao nível primário,
secundário e terciário. A epidemiologia clínica tornou-se um método fundamental
na acção de combate e erradicação de doenças; a epidemiologia política é também
fundamental para a decisão de qualquer acção política, tanto ao nível dos dirigentes
partidários que pretendem contagiar a população, como das pessoas que deles se
pretendem defender, mas também dos cientistas políticos que fazem os estudos,
os respectivos relatórios e a correspondente opinião política.
Doutor Patrício
Leite, 25 de Julho de 2016