A
teoria dos números frequentemente aceita a regra de que qualquer número
se encontra numa sequência ordenada que o localiza antes do seu superior e depois
do seu inferior. Frequentemente também, se aceita a unidimensionalidade dos
números;
como que estes se dispõem numa recta ordenada, apenas com uma dimensão.
Por outro lado, também se aceita o número em módulo, como uma distância,
um valor absoluto. Já no plano cartesiano, um ponto é definido por duas
coordenadas, pelo que cada ponto pode ser considerado um número,
ou então
faz-se analogia entre número e vector o que nos transporta para a
multidimensionalidade com múltiplas coordenadas e as matrizes a
funcionar como números. Se avançarmos para os números complexos,
que podem ser escritos na forma y=mx+b com m sendo a raiz quadrada de -1, tendo
b como a parte real e sendo x a parte imaginária, então qualquer número complexo faz
analogia com a função real da recta cujo declive é a raiz quadrada de -1.
A
teoria dos numeretos considera que estes, para terem sentido, deveriam ser
sempre compostos por dois símbolos: operação e algarismo. Os
números
seriam um conjunto restrito dos numeretos com um algarismo e um símbolo
de operação
em que o conjunto dos números naturais têm associada a operação
e o símbolo
adição,
aos inteiros acrescenta-se a operação e símbolo subtracção, aos racionais a
divisão
e aos reais a multiplicação já que as raízes são potências com expoentes fraccionários.
Os números
complexos têm associadas mais do que uma operação matemática
e poder-se-ia continuar a alargar o âmbito com números súper
e híper
complexos, etc.
Finalmente
surge a matemática angulatória e o ângulo como um número. Na realidade,
aos planos cartesianos bi ou multidimensionais, têm-se acrescentado outros planos e
outras formas de localizar pontos ou números. Assim, as coordenadas polares
surgem quando um ponto no plano é representado e localizado por uma
coordenada métrica da distância e uma coordenada angular. Sob
este ponto de vista, qualquer número tem uma componente periódica
ou rotacional e uma componente não periódica. Ou seja, por analogia com um relógio
de ponteiros; quando o ponteiro dos segundos dá uma volta completa, muda o dos
minutos e quando este dá a volta completa, então muda o das horas. Ora se há
10 símbolos
ou algarismos para todos os números então num sistema
angular decimal, ocorre uma rotação completa quando se percorre todos
estes símbolos. O desenvolvimento da matemática angulatória inicia-se com o
plano cartesiano como uma relação biunívoca entre um ponto localizado no
plano e um ponto descrito na forma algébrica. O plano cartesiano básico
é
composto por duas rectas ordenadas que definem o eixo das abcissas e das
ordenadas mas também por ângulos que, em principio, são
rectos ou medem 90 graus podendo, no entanto, ter outras medidas.
Frequentemente, quem trabalha com o plano cartesiano apenas usa o eixo das
abcissas e das ordenadas e paradoxalmente desconsidera os ângulos
entre estas duas rectas.
Um outro sistema de representar um ponto no plano
consiste em usar um ângulo e uma distância. Este sistema de coordenadas
polares pode ser bi ou multidimensional e tem correspondência com o sistema
cartesiano. As coordenadas polares, radial e angular, têm aplicação
na localização de submarinos, aeronáutica, engenharia espacial etc.
Agora
que foram descritos um sistema cartesiano puro cujas coordenadas assentam na
distância;
um sistema polar ou misto, cujas coordenadas assentam num ângulo
e numa distância; será descrito um sistema angular puro
cujas coordenadas assentam em ângulos.
O
sistema angular consiste em representar e localizar um ponto qualquer no plano
apenas por ângulos, podendo ser bi ou multidimensional. No sistema
angular bidimensional, a localização de um ponto resulta do encontro de
duas semi-rectas de dois ângulos cujo outro lado, a outra linha
ou semirecta são colineares.
Em
matemática
angulatória
torna-se necessário esclarecer alguns conceitos já que um ponto é
simultaneamente um ângulo de 360 graus mas também o vértice de qualquer ângulo,
por outro lado, uma recta ou semi-recta é uma sucessão de pontos mas
também
qualquer linha que divide um ângulo.
De notar que há
confusões
de linguagem que cumpre esclarecer, por exemplo; não existem dois ângulos
de 30 graus mas sim duas vezes um ângulo de 30 graus.
Finalmente,
assim como há correspondências que transformam bilateralmente a
geometria analítica do sistema das coordenadas polares em cartesianas; também
tal pode ocorrer com o sistema das coordenadas angulares em polares e
cartesianas. Tais transformações serão efectuadas por matemáticos
que desejem aprofundar todas as vertentes da geometria analítica. Doutor
Patrício Leite, 5 de Novembro de 2014